domingo, 17 de fevereiro de 2013

Um texto chato sobre o início fadado a acabar das impressões de um calouro no curso de comunicação

Neste domingo nostálgico, percebi que meu curso já começou acabado. Encontrei este texto lindo que mostra minha motivação com o curso, ainda no segundo período. Agora, como aluno sem período a sensação de inércia é maior. Segue o tédio:

SOBRE O PAPEL SOCIAL DA MÍDIA

“Conscientizar”. “Informar”. “Educar”.  São os três verbos-chave que parecem formar a noção idealista em estudantes de comunicação sobre o papel social da mídia; “Transportar os discursos de pensadores e os sistemas filosóficos acadêmicos para o senso comum” é o que parece vir de bônus. Não é surpresa (para não dizer ser um clichê), que se a mídia tinha tal objetivo utópico a ser seguido, sua história acarretou num fracasso quase absoluto. Talvez eclipsados pelos interesses privados e públicos, que hoje parecem ser um só, os meios de comunicação terminaram se transformando numa espécie de instrumento de manutenção do sistema vigente: algo que, se sim, educa, informa e conscientiza, o faz de forma, no mínimo, pouco radical. É um “si, pero no mucho”. Como um noticiário que ensina a reciclar, mas não aponta os meios de produção como insustentáveis ou um jornal que muda sua pauta sobre acidentes em estradas para não perder a parceria com a concessionária que anuncia no seu espaço publicitário. Talvez não seja necessário falar sobre as distorções na camada mais básica do jornalismo: como os famosos casos de repórteres que não confirmam suas fontes e arruínam carreiras e vidas por causa de seus erros ou as vezes em que notícias são amplamente manipuladas para atender os interesses de algum grupo; mas, de toda forma, sejam numa camada mais micro ou macroestrutural, vale relembrar que as distorções existem.
            Para Habermas, o processo de ascendência do sistema capitalista fez com que a mídia perdesse o caráter libertador que incentivou a população francesa a derrubar monarquias, na medida em que era colonizada pelos interesses privados e tornava a sociedade cada vez mais desencantada com o mundo que se tornava maior, aumentando, continuamente, a sensação de impotência da população. Seu colega frankfurtiano, Adorno, foi além e afirmou que na busca por conquistar maior público, a mídia tendia a desenvolver um caráter de maior entretenimento          e passaria a “espetacularizar” muito do que ainda havia de informativo (e sério) em sua época. Falta de fé ou não, foi, de fato, o que aconteceu com a grande mídia.
            Para mim, uma imagem resume coerentemente as grandes mídias atuais: um comercial de margarina, com uma família bonita, numa casa de campo, uma música suave e muitos sorrisos no rosto. É o conjunto de idéias que noticiários, novelas e outras formas do que hoje se têm como propagandas carregam em suas mensagens. É o objetivo central da mídia que foi alterado: a libertação se tornou tornar agradável. Tornar agradável um sistema de vida que, no caminho que vai pra frente, pode apenas dar uma falsa ilusão de que as coisas estão, de fato, caminhando, quando, em outra mão, se aprofunda nos interesses e poderes dos que nada querem mudar. Assim, do comercial de margarina para os três verbos nas bocas dos estudantes de jornalismo existe muito caminho pela frente. Ou, pensando bem, para as origens. 

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