Meu pai me deu os cds do Castelo e o "Meu pé querido pé", que é o disco com as músicas que ele fez pros programas do canal, inclusive as do "Passarinho, que som é esse?", com todos os instrumentos (não acaba nunca). Toda vez que chegava na música número 13 (misteriosamente o número treze), eu passava pra próxima.
Já faz uns dois anos que descobri que tinha um trauma da música "Lá vem história: Plutão", a número 13, porque ela era a música mais triste que já escutei em toda a minha vida. Dá vontade de chorar só de lembrar. Fiquei triste, porém feliz, por ter achado ela no youtube.
Hoje eu me pergunto qual a tristeza da vida de uma pessoa pra musicar esse poema de Olavo Bilac:
"Lá vem o quê?
Lá vem a história..."
"Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
o corajoso Plutão.
Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
E duas vezes mais alto
Do que o seu dono Carlinhos.
Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido plutão
Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.
Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando,
Mordido pelo plutão...
Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado:
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.
Um dia caiu doente
Carlinhos.. junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o plutão.
Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa maldita,
Era uma casa de dores.
Morreu Carlinhos... À um canto;
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.
Depois, seguiu o menino,
Seguiu-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino;
Não saiu do cemitério.
Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão."
Dá uma angústia da morte de Plutão e de Carlinhos. Sou triste até hoje por ter conhecido a história de Plutão tão jovem.
Para sofrer junto:
Sintam-se à vontade para continuar esse post.