domingo, 14 de outubro de 2012

Para cortar os pulsos

Dia desses fui ao teatro, peça paulistana, de apelo jovem e drama romântico. "Música para cortar os pulsos". Meio desconfiado, meio ansioso (sendo 1/4 animadíssimo e 3/4 com medo de me debulhar em lágrimas na minha maré de sensibilidade de lua cheia) me joguei na possível experiência estética que poderia estabelecer com os monólogos sentimentais, encenados por 3 atores interpretando um personagem cada. Sou jovem, to aqui pra isso. Em dez cenas curtas, as conversas solitárias sobre relacionamentos se cruzavam, puxando, graças aos deuses, para o alívio cômico. Eram trechos de Chico Buarque, Roberto Carlos, Gershwin, Debussy, tudo jogado e misturado num liquidificador de emoções contidas e ao mesmo tempo, ou em outros tempos, tanto fazia, explosivas, como quem fala sério, mas fala tímido, mas descontrola e desaba e se recompõe entre uma música e outra. Nem chorei. Sou forte. Só sei que tinha verdade em cena. Podia ser cafona, podia ser brega, podia ser too cool for school, mas era honesto. De cortar os pulsos. Cliché então era o que não faltava. Mas como diria uma das personagens: "Só os clichés são verdade". Passei uns dias pensando na peça. Pode ser do momento, mas fiquei com uma coisa na cabeça: que aqueles pensamentos solitários, compartilhados entre si e com o mundo e comigo e com a menina que chorava na fileira da frente, eram tudo que às vezes a gente quer gritar e não consegue porque essas coisas não se gritam. A não ser que seja pra dentro. Ou no teatro (mas só se for encenando). É aquele beliscão que fica no canto de cérebro, dominando a mente inteira, e que se você repetir muito todo mundo se enche e você vira o doido obssessivo que ou as pessoas olham impacientes ou com condescência. Vale mais a pena sofrer bregamente no teatro mesmo, a catarse aristotélica foi verdadeira. Segue o vídeo de divulgação da peça, com cafonice, amor, verdade e, para mim, muita pessoalidade dessas bem pessoais.  O segundo vídeo tá indo junto só porque eu amo a música, a coreografia, o bailarino e o tudo. E ah, é de cortar os pulsos, não pelo gesto, pelo significado.

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